VINHO & BOSSA NOVA: UMA COMBINAÇÃO PERFEITA

Algum tempo atrás, li numa matéria a referência de um interessante estudo científico feito pelo Dr. Adrian North da Universidade Heriot Watt, de Edimburgo, na Escócia, denominado “Wine & Song: The Effect Of Background Music On The Taste Of Wine”. A conclusão do estudo aponta que a música interfere na sensibilidade e percepção de características e nuances do vinho. E indica também, que quando tomamos uma taça de vinho, escutando música, esta ação conjunta, estimula a combinação dos sentidos no reconhecimento e recepção de estímulos sonoros, aumentando consideravelmente nossa capacidade para detectar aromas e sabores contidos em cada tipo de vinho.
Experimente fazer uma interessante analogia da marca registrada da Bossa Nova, que é a voz & violão, com os vinhos de Sauvignon Blanc, encontrados na maioria das regiões produtoras.
Não me considero um “expert” em vinhos, mas reparo que normalmente escolhemos nossos vinhos de modos distintos (pela região, pelas uvas, pelos pontos e premiações e mais raramente pelo estilo do vinho).
Reproduzo aqui algumas sugestões que li na referida matéria sobre os temas da Bossa Nova: “Chega de Saudade” com João Gilberto (1958) harmoniza com o vinho de Sauvignon Blanc Trinity Hill, da Nova Zelândia (explosão de aromas de frutas tropicais com doçura e frescor); Já “Desafinado” com João Gilberto e Stan Getz (1964) harmoniza com o sul-africano Kunkani Lanner Hill (aromas intensos de maracujá e frutas cítricas); “Insensatez” com Rosa Passos e Ron Carter (2003) harmoniza com o ícone chileno Casa Marin Sauvignon Blanc Cypress (considerado um dos melhores vinhos brancos do Chile); Wave com João Gilberto (1977) harmoniza com o vinho francês Sauvignon Charton La Fleur Blanc; Já os temas “Samba De Uma Nota Só” com Nara Leão, “Minha Namorada” com Os Cariocas e “Eu e a Brisa” com Johnny Alf pedem a harmonização com o vinho francês Pouilly-Fumé Les Logères (com um saboroso toque cítrico e sofisticada e marcante presença mineral). E para encerrar a lista de músicas, “Nanã” com Moacyr Santos, “Balanço Zona Sul” com Zimbo Trio, “Ela é Carioca” com Sérgio Mendes e Sexteto Bossa Rio e “Samba do Avião” com Eumir Deodato harmonizam com os maravilhosos vinhos Sauvignon Blanc Claude Bay, Palliser Estate, Sanctuary, Whiter Hills e Hunter’s, todos da Nova Zelândia.
Agora só falta você fazer a prazerosa experiência de ouvir estes clássicos da Bossa Nova, degustando os vinhos sugeridos, que com certeza, vão fazer você mudar sua concepção sobre os dois assuntos.
Esta experiência de combinar música e vinho pode ser feita com o Jazz, que também se harmoniza magicamente com os vinhos. Não importa qual a sua escolha do gênero musical, sugiro apenas que você esteja aberto e sensível para desfrutar uma bela experiência sensorial.
Prova de que a música influencia a forma de como você sente o sabor do vinho e que também pode mudar seu estado de espírito. Então, concluo que a harmonização está diretamente ligada ao seu sentimento, ao momento que você vive e tudo o que está a sua volta no exato instante em que o vinho é apreciado.
Eu vivenciei intensamente esta experiência e recomendo a sugestão. Uma combinação perfeita.


Steve Tyrell – “It’s Magic – The Songs Of Sammy Cahn”

O produtor, compositor e agora cantor Steve Tyrell sempre teve uma forte ligação com a música. Esteve nos bastidores ao lado de Burt Bacharach, Dionne Warwick, B.J. Tomas, entre outros artistas.
Apenas no ano de 1999 se lançou como cantor, sendo uma agradável surpresa, chegando logo ao topo das paradas de Jazz.

E não poderia ser diferente, já que ele conhecia a música como poucos e também a natureza lhe presenteou com um timbre de voz muito bonito e marcante.
Nos últimos anos ocupa a vaga do lendário cantor e pianista Bobby Short, que durante 36 anos se apresentou no Café Carlyle de Nova York, numa temporada tradicional de final de ano, que acontece entre o Natal e o Ano Novo.
Em 2013 lançou pelo selo Concord Jazz, um songbook com as suas canções preferidas do compositor Sammy Cahn, criador de verdadeiras pérolas da música e que foi um dos compositores favoritos de Frank Sinatra.
Para este trabalho contou com as participações dos pianistas Alan Broadbent e Quinn Johnson, do guitarrista Bob Mann, dos contrabaixistas Ed Howard e David Fink, dos bateristas Kevin Winard e Jim Sapporito, do saxofonista David Mann e do trompetista Lew Soloff, além de uma orquestra de cordas.

Os arranjos impecáveis foram assinados por Don Sebesky, Alan Boradbent, John Odo e Bob Mann.
Das 13 faixas, destaco “Come Fly With Me”, “All The Way”, “Tech Me Tonight”, “The Second Time Around”, “Call Me Irresponsible” e “I Fall In Love Too Easily”.

Este é um daqueles discos para você curtir muito bem acompanhado, pois é romântico, envolvente e com uma sonoridade muito marcante.


George Benson – “Inspiration – A Tribute To Nat King Cole”

O guitarrista e cantor George Benson lançou pelo selo Concord Jazz no ano de 2013, um CD maravilhoso e indispensável homenageando Nat King Cole, uma de suas maiores influências.
O CD é um resultado natural de mais de 4 anos de turnê pelo mundo com o show “An Unforgettable Tribute To Nat King Cole”, inclusive passando pelo Brasil alguns anos atrás.

Assisti ao show em São Paulo e pude conferir ao vivo um belíssimo espetáculo, que é base do repertório deste disco.
Gravar um disco só com os grandes clássicos do saudoso pianista e cantor Nat King Cole foi uma grande honra e alegria para George Benson e neste trabalho podemos conferir a sua volta ao Jazz foi em grande estilo, gênero que o acompanha desde o início da sua carreira, apesar de seus vários trabalhos mais comerciais.
E os dois artistas possuem características muito comuns, pois ambos se destacaram nas suas carreiras, primeiro tocando seus instrumentos (o piano e a guitarra) e depois cantando “Straighten Up And The Flight Right” (1943) e “This Masquerade” (1976), transformando radicalmente suas vidas.
Para este trabalho desenvolvido com absoluto critério e muita qualidade, Benson contou com os arranjos de originais de Nelson Riddle e a participação da Henri Mancini Institute Orchestra com 42 integrantes, além de convidados especiais como os trompetistas Winton Marsalis e Till Bronner, as cantoras Idina Menzel e Judith Hill, entre outros.
Das 13 faixas do trabalho, merecem destaque a curiosa gravação de “Mona Lisa” (quando GB tinha apenas 8 anos de idade) e mais as baladas “Unforgettable”, numa levada de Bossa Nova, “When I Fall In Love”, “Nature Boy”, “Smile” e “To Young” e também “Just One Of Those Things”, “Route 66”, “Ballerina” e “Straighten Up And Fly Right”.
George Benson está intenso, inspirado e claramente realizado por concretizar este importante trabalho, que perpetua a obra musical de um de seus maiores ídolos.

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