Nesta semana vou destacar as séries de TV que se utilizam do Jazz como grande aliado. Ou seja, uma mistura perfeita e muito desejada.
A Série de TV que mais me marcou foi Batman, e seu tema de abertura até hoje é referência musical. E todos os temas da série tinham o Jazz como base das composições. A trilha original foi composta nos anos 60 pelo trompetista de Jazz Neil Hefti, que também esteve ao lado das orquestras de Count Basie e Woddy Herman.
Outros compositores de trilhas de séries da TV merecem destaque.
O primeiro é Henry Mancini, considerado como um dos maiores compositores de trilhas sonoras de todos os tempos. E que teve na sua adolescência o privilégio de trabalhar na Orquestra de Glenn Miller. As suas principais trilhas: “Os Detetives”, “O Vigilante”, “Mr. Lucky” e “Peter Gunn”.
Outro compositor que merece destaque é Nelson Riddle, que foi um dos mais notáveis arranjadores do jazz entre os anos 50 e 60 e assinou trilhas de sucesso como: “Emergência”, “Os Intocáveis” e “Rota 66”.
Lembro também das séries “Missão Impossível” (Lalo Schifrin), “Perry Mason” (Fred Steiner) , “Havaii Five-O” (Mort Stevens), “The Tonight Show” (Steve Allen), “Chips” (de John Parker), “Baretta” (Dave Grusin e Morgan Arnes), “Msquad” (Count Basie), “Asphalt Jungle” (Duke Ellington).
Outra série inesquecível para mim é “A Gata e o Rato”, com grande destaque da bela atriz Cybill Sheperd ao lado de Bruce Willis. Inclusive, ela se revelou como grande cantora de Jazz, gravando na trilha sonora original da série os temas “Blue Moon” e “I Told Ya I Love Ya, Now Get Out”, ao lado de uma super Big Band. Dois temas incríveis e que contaram com uma “performance” impecável e marcante da atriz.
Para finalizar nossa viagem no tempo, destaco a série “Pan Am”, exibida pouco tempo atrás pelo canal a cabo Sony, inclusive já destacada aqui na coluna e que reuniu uma grande seleção de clássicos do Jazz interpretados por Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Dinah Washington, Shirley Horn, Peggy Lee, Bobby Darin, Count Basie, e até os nossos “BossaNovistas” João Gilberto e Sérgio Mendes entre outros.
Comece a reparar que o Jazz está em todos os cantos e graças a exibição de várias destas séries ainda nos dias de hoje, acredito que muitos apreciadores do Jazz serão mantidos e muitos outros novos serão conquistados.
Talvez você não tenha nem reparado, mas o Jazz se fez e se fará sempre presente nos nossos momentos de lazer e de relaxamento na frente da TV. Divirta-se e curta sem moderação um dos gêneros musicais mais incríveis do planeta.
Mario Adnet – “Jobim Jazz Ao Vivo”
O compositor, violonista, arranjador e produtor carioca Mario Adnet lançou em 2015 pelo selo Biscoito Fino o DVD (17 faixas) e o CD (14 faixas), gravado ao vivo no belíssimo Auditório Ibirapuera em São Paulo.
Ele nos últimos anos desenvolveu um minucioso estudo da obra musical do maestro soberano Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, num apanhado de mais de 40 anos de suas composições.
Em 2002, sua obra foi revisitada no projeto “Jobim Sinfônico”, lançado também no formato de DVD e CD, com a participação da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, composta por 70 músicos e com músicas adaptadas por ele e por Paulo Jobim. E que recebeu o prêmio Grammy Latino merecidamente pela qualidade e ousadia.
E nos anos de 2007 e 2011, respectivamente, lançou dois CD’s de estúdio, denominados “Jobim Jazz”, que deram origem a este trabalho, que inclusive ganhou uma turnê nacional passando palas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo, onde foi gravado o material.
Ao seu lado estiveram Ricardo Silveira na guitarra, Marcos Nimrichter no piano e acordeon, Jorge Helder no contrabaixo, Antonio Neves na bateria, Mafram do Maracanã na percussão, Eduardo Neves na flauta e sax tenor, Danilo Sinna na flauta e sax alto, Marcelo Martins no sax tenor e flauta, Henrique Band no sax barítono, Philip Doyle na trompa, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn e Everson Moraes no trombone. E a convidada mais do que especial, a cantora Nana Caymmi. Ou seja, um time de músicos de primeira linha que deram muito brilho, à sonoridade impecável e surpreendente do disco.
Destaco os temas instrumentais “Takatanga”, “Mojave”, “Sue Ann”, “Só Danço Samba”, “Wave”, “Tema Jazz”, “Bonita”, “Paulo Voo Livre”, “Polo Pony” e os cantados “Derradeira Primavera”, “Por Causa de Você” e “Estrada do Sol”.
Arranjos muito inspirados marcam o diálogo sem preconceitos entre o Jazz e a Bossa Nova, com destaque para os sopros vigorosos dos metais, além de improvisos incríveis, que deixam a sensação de que a música do maestro soberano é atemporal e eterna.
Importante registrar toda a ousadia e talento de Mario Adnet. A música brasileira aplaude e agradece pela importante pesquisa, preservação para as gerações futuras e musicalidade.
Celso Fonseca – “Like Nice”
O cantor, guitarrista, violonista, produtor e compositor carioca Celso Fonseca lançou, no final de 2015 este belíssimo CD pelo selo Universal Music, aqui no Brasil e em diversos países: Inglaterra, Holanda, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Áustria, Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, Suíça, Israel, África do Sul, Nova Zelândia, Austrália, Japão e Argentina.
A sonoridade das faixas é surpreendente e reforça que a Bossa Nova continua sendo composta e produzida com absoluta inspiração e encantamento nos dias de hoje. Mais uma prova contundente de que a Bossa não é coisa do passado e sim do presente. E Celso Fonseca já havia feito isso anos atrás, no ano de 2001, quando lançou “Juventude/ Slow Motion Bossa Nova”, outro CD clássico da Bossa contemporânea. “Like Nice” é um trabalho impecável, de extremo bom gosto que traz 13 faixas autorais, sendo 8 como autor único, 4 em parceria com seu grande amigo de longa data, Ronaldo Bastos, e uma versão internacional. Foram cantadas em português e inglês e também ganhou uma faixa instrumental.
Ele dá um verdadeiro show de interpretação com seu violão, com uma batida forte e envolvente, num diálogo bossanovista de emocionar.
Merecem destaque os belíssimos arranjos de cordas que contaram com a regência Eduardo Souto Neto e também os arranjos de metais que contaram com a regência de Jessé Sadoc, presentes em todas as faixas, além das participações especiais de Marcos Valle no piano elétrico Rhodes e Rildo Hora na harmônica. E, mais, Jorge Helder no contrabaixo, Jorjão Barreto no piano e piano elétrico Rhodes, Robertinho Silva e Junior Moraes na percussão e Flavio Santos na bateria.
Não deixe de ouvir a bonita versão do clássico “Stormy” e mais “O Que Vai Sobrar”, “Porque Era Você”, “I Could Have Danced”, “Canção Que Vem”, “Céu”, “Zum Zum”, a faixa título “Like Nice” e, a minha preferida, a instrumental “Rio 56”, que é uma verdadeira viagem. Magnífica composição.
Fica uma dica: escute o CD para relaxar, namorar, sonhar e viver. A Bossa Nova e sua poesia vão ser companhias muito especiais e inspiradoras. Um disco que merece ser ouvido com muita calma e atenção e que considero um dos melhores lançamentos do ano de 2015.
E Celso Fonseca foi uma das grandes atrações do Rio Santos Bossa Fest 2017, aqui em Santos, realizando num show inesquecível no Teatro do Sesc Santos. Viva a Bossa Nova!